13 fevereiro, 2014

Regresso

Há cinco anos criaste este espaço para esvaziar a alma e trocarmos palavras que às vezes não saem se não despejadas num teclado. Entretanto esta caixinha de pensamentos foi ficando arrumada num canto e quase tapada por todos os imponderáveis da vida. Quase deixámos escapar este pequeno prazer mas é hora de o retomar.

Dizem que não devemos voltar ao local onde foste feliz. Eu digo: Volta, regressa, revive! Não se deve tentar viver de novo mas reviver os bons momentos de felicidade e aprender com os maus. Além disso, é só um regresso a um local de onde nunca saímos: o coração um do outro...

Como disseste no início, deixo-te "umas palavras de um senhor que para além de ser nóbel também sabia escrever..."

A DANÇA

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
Amo-te secretamente, entre a sombra e a alma.

Amo-te como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
Amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
assim amo-te porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

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